Buscando sentido e satisfação
E apliquei o meu coração a esquadrinhar, e a informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu; esta enfadonha ocupação deu Deus aos filhos dos homens, para nela os exercitar.
17 Por isso odiei esta vida, porque a obra que se faz debaixo do sol me era penosa; sim, tudo é vaidade e aflição de espírito. 18 Também eu odiei todo o meu trabalho, que realizei debaixo do sol, visto que eu havia de deixá-lo ao homem que viesse depois de mim.
Mensagem: Deus impôs aos seres humanos a busca pelo sentido e pela satisfação da vida, e tal trabalho somente produz realização e alegria quando é fruto do temor e da comunhão com Ele.
I. INTRODUÇÃO
Recordando
1ª. Mensagem “A vida que é bobagem”. A vida “debaixo do sol”, sem a visão e a participação do Deus Infinito e Pessoal, Criador dos céus e terra, é uma bobagem – nada mais é do que uma cansativa rotina, com a busca da satisfação dos desejos, prazeres e realizações pessoais, tudo isso sem sentido e pleno de aflições!
Nessa perspectiva a vida é “vaidade de vaidades” – “vaidade” aquilo que é vazio, sem valor permanente, que leva a frustração…
Se toda a nossa vida não for além do “debaixo do sol”, e se “acima do sol” não tivermos a visão do Deus Infinito e Pessoal, Criador dos céus e da terra, então nada valerá a pena… Haverá uma visão pessimista da vida… Uma vida sem sentido.
Perguntas do tipo “de onde viemos?”, “para onde vamos?”, “para que estamos aqui (missão)?”, são perguntas para as quais os seres humanos sempre buscaram, e têm buscado respostas…
Deus impôs aos seres humanos a busca pelo sentido e pela satisfação da vida, e tal trabalho somente produz realização e alegria quando é fruto do temor e da comunhão com Ele.
Sem Deus esta busca é fútil, inútil…
II. A futilidade do esforço e da experiência humana, Ec 4.1—11
1. Uma vida e história de monotonia, 1.4-11
v. 4 – “geração vai… vem…” continuidade de ação.
Gerações passam, a terra continua… Mudam os personagens, a história continua, os fatos se repetem…
vv. 5-7 – Tudo é repetitivo e sem fim.
Ciclos repetitivos da rotação da terra em torno do sol… Ventos soprando em circuitos… As águas despejando-se nos mares…
A criação sem Deus o Criador reflete monotonia e canseira, uma repetição sem sentido de personagens e fatos.
Vêm… Vão… Nasce… Se põe… Sopra… Vira… Dá voltas… Corram… Tornam… – uma repetição de tempos verbais, dando a noção de uma ação sem sentido e cansativa.
Ec 1:8, 9 “Todas as coisas estão cheias de cansaço; ninguém o pode exprimir: os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir. O que tem sido, isso é o que há de ser; e o que se tem feito, isso se tornará a fazer; nada há que seja novo debaixo do sol”.
“… Os olhos não se fartam de ver…”, aqui se refere à satisfação emocional e psicológica.
vv. 9,10 – sem Deus a história é como um circuito fechado, sem propósito, sem sentido…
Ec 1:11 “Já não há lembrança das gerações passadas; nem das gerações futuras haverá lembrança entre os que virão depois delas”.
“Já não há lembrança…” – sig. Lembrar-se e agir de acordo com o legado das gerações passadas…
Sem Deus, “debaixo do sol”, a vida, e a história - passado, presente e futuro não têm sentido.
2. A inutilidade da sabedoria e da filosofia humana, Ec 1.12-18.
Será que o ser humano encontrará refúgio, alegria e satisfação na sabedoria e filosofia humana?
A sabedoria e filosofia humana têm lá seu valor, mas não resolvem a questão da busca do sentido e da satisfação da vida.
Ilustração – “O tripé de ouro”, adaptada de James Baldwin, Willian Bennett. Conta-se que um mercador de Mileto deu 3 moedas de prata por uma rede e os peixes que estavam nela. Na rede havia um tripé de ouro. Iniciou-se uma discussão sobre quem seria o dono do tripé de ouro. O governador decidiu enviar um mensageiro a Delfos para que consultasse o oráculo. O oráculo falou: “Não dê o tripé aos pescadores nem ao mercador, mas aquele que for o mais sábio dos sábios”. Então levaram para Tales, que disse: “Não. Envia para Bias de Priene (É melhor ser sábio que rico)”. Bias, disse: “Não! Enviem para Pitacus, Mitilene (O que quer que faça, faça-o bem feito)”. Pitacus disse: “Não! Envia para Cléobulo, ilha de Rhodes (Eduquem as crianças).” Não! Cleóbulo disse: “Enviem para Solon, Atenas”. Solon disse: “Não! Existem seis mais sábios que eu: Tales, Bias, Cleóbulo, Periander e Chilon”. Depois de todos recusarem, então o governador disse: “Levem para Delfos, no templo de Apolo”. 7 sábios da Grécia, que sabiam que por mais que soubessem, sempre havia muito que não sabiam para serem considerados o mais sábio dos sábios!
Ec 1.13 “E apliquei o meu coração a inquirir e a investigar com sabedoria a respeito de tudo quanto se faz debaixo do céu…”
Salomão aplicou o seu coração com sinceridade e fervor… Ele esquadrinhou, investigou, foi fundo – verticalmente, procurou exaustivamente – horizontalmente…
Ele conclui que Deus impôs esse trabalho aos seres humanos. Não é opcional… Não é hobby, mas faz parte da natureza humana por determinação de Deus. O ser humano é por Deus impulsionado a buscar o sentido e a satisfação da vida.
Há um desassossego no coração humano – há trabalho, um dedicar-se a algo, indicando uma busca compulsiva.
v. 15 – como há distorções e vácuos nessa busca, o ser humano consegue montar o quebra-cabeças do sentido e da satisfação da vida.
v. 18 – nessa busca por respostas para o sentido e a satisfação da vida, o conhecimento, a sabedoria e filosofia humana, só aumentam o problema, a angústia.
3. A inutilidade do gozo, prazer e riqueza, Ec 2.1-11
O ser humano encontrará respostas nos prazeres da vida? Não, a busca pelo prazer (epicurismo) não responde a questão do sentido e satisfação da vida, não pode solucionar o quebra-cabeças da vida…
Ao invés de enfrentar a vida como ela é… A busca do prazer pelo prazer leva o ser humano a afogar-se num mar de frivolidade.
Valfredo Pareto, economista e sociólogo italiano, disse que a satisfação e utilidade da vida não são mensuráveis. É algo pessoal, subjetivo, e quando o indivíduo opta, maximiza.
Sim, satisfação e utilidade não são mensuráveis, mas vai além daquilo que é pessoal e subjetivo. Há algo que faz parte da natureza humana, e da ação divina que vai além do pessoal e do subjetivo…
Ec 2.24 “Não há nada melhor para o homem do que comer e beber, e fazer que a sua alma goze do bem do seu trabalho. Vi que também isso vem da mão de Deus”.
Ec 2.11 Então olhei eu para todas as obras que as minhas mãos haviam feito, como também para o trabalho que eu aplicara em fazê-las; e eis que tudo era vaidade e desejo vão, e proveito nenhum havia debaixo do sol.
Está aqui em foco o fracasso do estilo de vida, do ser humano que vive segundo as suas próprias premissas.
4. A realidade da morte para todos, Ec 2.12-17
Não existem absolutos nesta vida? Há pelo menos uma certeza, a morte aguarda os vivos!
A sabedoria humana tem certo valor, mas não como fonte última de confiança, levando o ser humano a governar a sua vida aparte de Deus.
Ec 2.16 Pois do sábio, bem como do estulto, a memória não durará para sempre; porquanto de tudo, nos dias futuros, total esquecimento haverá. E como morre o sábio, assim morre o estulto!
A morte nivela todos os seres humanos e é universal.
v. 21 – embora o trabalho se faça acompanhar de sabedoria (“know-how” prático), ciência (informação) e destreza (habilidade, perícia) nada pode desviar da morte, nem garantir vida eterna aparte de Deus, e de Jesus Cristo, único e suficiente Salvador. Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá eternamente. Crês isto?” (João 11:25-26).
“Calada vigiarei meus dias,
Quando mais vigiados, mais curtos!
Com que mágoa o horizonte avisto…
Aproximando e sem recurso,
Que pena, a vida ser só isto” – Cecília Meirelles
Deus impôs aos seres humanos a busca pelo sentido e pela satisfação da vida, e tal trabalho somente produz realização e alegria quando é fruto do temor e da comunhão com Ele.
III. Conclusão
Até aqui Salomão apresentando a vida apenas do ponto de vista “debaixo do sol”, a vida sem Deus, dá um tom pessimista diante da criação, história, vida e morte, apresentando um quadro de angústia mental, emocional e física.
Mas, em meio a todo esse pessimismo surge uma nota de otimismo.
Ec 2:24-26 Não há nada melhor para o homem do que comer e beber, e fazer que a sua alma goze do bem do seu trabalho. Vi que também isso vem da mão de Deus. Pois quem pode comer, ou quem pode gozar, melhor do que eu? Porque ao homem que lhe agrada, Deus dá sabedoria, e conhecimento, e alegria; mas ao pecador dá trabalho, para que ele ajunte e amontoe, a fim de dá-lo àquele que agrada a Deus: Também isso é vaidade e desejo vão.
Quando Deus é colocado em cena, quando se olha a vida “acima do sol”, há alegria, sentido e satisfação na vida.
A resposta para a busca do sentido e aflição da vida está na fé em Deus.
Ec 12.13 “Este é o fim do discurso; tudo já foi ouvido: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é todo o dever do homem”.
E, em Deus encontramos as respostas verdadeiras para as perguntamos que citamos no início desta mensagem:
- “De onde viemos?”, viemos do Deus Infinito e Pessoal, Criador dos céus, terra e tudo que neles há, conforme narram o livro de Gênesis;
- “Para onde vamos?”, todo aquele que crê em Jesus Cristo como único e suficiente Salvador, vai para os céus, para a comunhão eterna com Deus; todo o que não crê, vai para o inferno, para a eternidade sem Deus;
- “Para que estamos aqui (missão)?”, estamos aqui para conhecer Deus, para O adorarmos, O servirmos, e O tornarmos conhecido…
Salomão aponta para o sentido e a satisfação como fruto do relacionamento com Deus – “Teme a Deus”.
O apóstolo Paulo escreveu:
1 Timóteo 4:4 “pois todas as coisas criadas por Deus são boas…”;
1 Timóteo 6:6 “… é grande fonte de lucro a piedade com o contentamento”.
“…Porque ao homem que lhe agrada, Deus dá sabedoria, e conhecimento, e alegria…” – cf. Hebreus 11:5-6 (Velho Testamento – “Enoque andou com Deus”).
“Sabedoria” permite ao ser humano caminhar com sucesso…
“Conhecimento” aquisição de fatos, experiência de vida…
“Alegria” não circunstancial, mas relacional com Deus, fruto de benção divina.
Todavia ao pecador, ao que vive aparte de Deus, sob o ponto de vista “abaixo do sol”, este está debaixo do juízo, do julgamento de Deus, e na busca do sentido e satisfação da vida, ele vive um quadro de angústia mental, emocional e física. Ele corre através do vento, daquilo que é “vaidade de vaidades” – fútil, vazio e passageiro.
Deus impôs aos seres humanos a busca pelo sentido e pela satisfação da vida, e tal trabalho somente produz realização e alegria quando é fruto do temor e da comunhão com Ele.