Deus é Justo
Parte 4
Mensagem: “Na contemplação de Cristo existe um bálsamo para cada ferida; na meditação sobre o Pai, há consolo para as tristezas, e na influência do Espírito Santo alívio para todas as mágoas” (Packer).
Introdução
Esta é a 4a. mensagem da série “Deus se importa”. Na 3ª. mensagem focamos a santidade de Deus, e vimos que Jesus não morreu para que vivamos sem problema, sem aflições, e para tornar-nos saudáveis, ricos e felizes. Ele morreu para fazer-nos santos. E, se for necessário passar pela vale dor, da solidão, do sofrimento etc., para Deus trabalhe no nosso caráter, Deus vai nos permitir passar por tais vales…
“Precisamos entender a verdade de Deus a fim de que o nosso coração possa corresponder a ela e viver de acordo com essa verdade” (Packer).
Deus age segundo o que é justo, e Ele mesmo é o parâmetro definitivo do que é justo, por isso podemos confiar Nele e viver de modo justo.
I. O anseio humano por justiça…
Você se lembra quando na 2a. mensagem desta série, eu contei que no dia 03/10/ 2011 indo de Ribeirão Preto, SP, para Águas de Lindóia, SP… Ouvindo rádio… Em certo momento o rádio estava sintonizado numa estação da “Igreja Deus é Amor”, e ouvi um dos pregadores dizer: “Venha a Cristo (citando Mt 11:28-30), e todos os seus problemas serão resolvidos… Ninguém merece sofrer, não é justo sofrer”. Isto é verdade? Como você avalia tais afirmações?
Na ocasião afirmei ( e afirmo) que se havia alguém que não merecia sofrer era Cristo, pois Ele não era pecador, não tinha pecado, mas ainda assim foi o “Servo sofredor”, “aprendeu obediência pelas coisas que sofreu”, “morreu na cruz (Is 53:3-5; Hb 5:7,8)…
Um dos criminosos que estava sendo executado ao lado de Jesus, no momento da crucificação, teve a percepção correta ao repreender um outro criminoso, dizendo: “… “Você não teme a Deus, nem estando sob a mesma sentença? Nós estamos sendo punidos com justiça, porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem. Mas este homem (Jesus Cristo) não cometeu nenhum mal” (Lc 23:40,41).
Precisamos entender a verdade de Deus a fim de que o nosso coração possa corresponder a ela e viver de acordo com essa verdade (Packer).
Por vezes nos decepcionamos com Deus, nos iramos contra Ele, porque temos conceitos e expectativas equivocadas, erradas, acerca de Deus, dos Seus planos e de Suas promessas… A Teologia da Prosperidade e do Poder ( e seus arautos) não criam ilusões e expectativas erradas sobre Deus e Sua atuação?
Como escreveu Wiersbe – “O evangelho popular do êxito tenta levar-nos a crer que o maior interesse divino é tornar-nos felizes, não fazer-nos santos, e que ele está mais preocupado com a parte física e material do que com a moral e espiritual… Os pregadores do êxito não veem na semelhança de Cristo o objetivo da vida cristã… Quando as pessoas valorizam a dádiva mais do que o Doador, ela se transforma em ídolo, e passam a adorar e a servir a “criatura, em lugar do Criador, (Rm 1:25).
Por vezes ouvimos e ou falamos o seguinte:
- “Eu não mereço isso!”
- “ Porque comigo?”
- “Isso não é justo…”
- “Deus não está sendo justo…” etc.
Alguém já disse que Deus nos deixou “3 ganchos” para fazer com que o ser humano o busque:
- A busca pelo significado da vida;
- O desejo pela eternidade;
- O anseio pela justiça –
II. O que é justiça? O que é ser justo?
Na Bíblia “justiça” e “retidão” são quase indistintas uma da outra…
“A justiça de Deus é tanto uma expressão de sua pureza moral como a intervenção e salvação de Deus” (Franklin Ferreira e Alan Myatt).
Justiça também significa a fidelidade de Deus à aliança que fez com o seu povo.
Deus age segundo o que é justo, e Ele mesmo é o parâmetro definitivo do que é justo, por isso podemos confiar Nele e viver de modo justo – Sl 97:2; Rm 3:25,26.
Tudo que se conforma ao caráter moral de Deus é justo…
Justiça – Deus faz corretamente todas as coisas – Dt 32:4.
Na Bíblia encontramos os seguintes aspectos relacionados a justiça:
- Legal (Lei / forense): relaciomento com Deus, suas leis…;
- Ético: comportamento de uma pessoa justa…;
- Social: relacionamentos humanos justos…
A justiça de Deus não exclui, não contradiz seu amor, sua misericórdia e graça. Os atributos de Deus não se excluem e ou contradizem. “… Bondade sem justiça não seria bondade” (Tozer).
“… O Justo satisfaz a justiça através da misericórdia, graça e amor” (Lewis e Demarest”).
Conclusão
Diante da justiça de Deus todo aquele que verdadeiramente, pela fé, foi justificado em Cristo (é justo) é desafiado a:
1. Reconhecer a injustiça humana diante da justiça de Deus, 1 Jo 1.9; Ap 15.3,4
O mal no mundo é fruto do pecado humano… O crescimento do pecado é fruto da manifestação da ira de Deus, pelo fato do ser humano ter transformado a verdade de Deus em mentira, por ter rejeitado o conhecimento de Deus, não O ter glorificado, nem ter Lhe dado graça, por ter adorado a criatura no lugar do Criador – “Por isso Deus os entregou…”, Rm 1:24, 26, 26.
O ser humano não pode questionar Deus, pondo em dúvida Seu caráter, suas ações soberanas… – Hc 2:20; Rm 9.14,20,21; Jó 42.2,8.
Não podemos considerar que Deus está sendo injusto conosco por permitir que neste mundo passemos por lutas, tribulações… Se Deus nos tratasse segundo merecemos, segundo os nossos pecados, nós seriamos consumidos por Sua ira – Davi ao clamar a Deus por castigo para os ímpios, ele ora: “Retribui-lhes conforme os seus atos, conforme as suas más obras; retribui-lhes o que as suas mãos têm feito e dá-lhes o que merecem”, Sl 28:8.
O mesmo Deus que manifesta Sua ira contra o pecado e o pecador que não se arrepende, mostra Sua graça e misericórdia aos que se arrependem dos seus pecados e creem em Jesus Cristo como único e suficiente Salavdor – Rm 1.17; Jo 3.36; Rm 2.4-8. Não nos enganemos – Deus pune os incrédulos, e isso não é a negação da Sua bondade, mas afirmação da Sua justiça. A justiça não aponta apenas para a salvação, mas também para a condenação, a punição do pecado…
A ira de Deus é a expressão da sua justiça contra o pecado – Rm 1:18; Hc 2 – “Ais” – 6, 9, 12. 15, 19.
Rm 3.24-26 – a base da justificação é a obra de Cristo, e não as nossas obras, ou justiça própria.
A “propiciação” feita pela morte de Cristo revelou a justiça de Deus…
A justiça de Deus exigiu a morte de Seu próprio filho – Jesus Cristo.
A justificação é o ato gracioso de Deus, ao absolver da condenação do pecado, e declarar e aceitar como justo, conceder o dom divino da justiça e da vida eterna, a todo o que, pela fé, confia em Jesus Cristo como único e suficiente Salvador
Lembre-se: Deus faz corretamente todas as coisas. Na Sua santidade e justiça Ele não tem qualquer comunhão com o mal e condena o pecador rebelde, mas em Seu amor e misericórdia e graça perdoa todo aquele que humildemente O busca, e Deus não lhe retribui o mal… Jo 3:36; Rm 1:16,17; Hc 3:2 “… Senhor… na tua ira lembra-te da tua misericórdia”(3:2)
2. Não ter um desejo de vingança, sim um desejo de justiça, diante da violência, da corrupção, da injustiça social etc., Hc 1:12,13; Sl 94.1-3; Mt 5.6; Rm 13:1-7; Rm 12:14, 17-21.
Hc 1:2-4, 12-14 (a indignação de Jonas por causa dos Assírios (Nínivitas), maus… Jonas fugiu… se entristeceu quando arrependeram, pois queria o castigo deles…)
Por vezes sofremos por causa do mal que outros cometem contra nós… Não devemos buscar vingança, retribuir o mal com o mal, fazer justiça com nossas próprias mãos, mas sim buscar e esperar por justiça divina…
Por exemplo: mobilização contra a violência (exemplo, Maria, MG)… ; reconhecer que Deus institui autoridades humanas para punir o mal, e recompensar o bem…; fazendo o bem, “amontoando brasas sobre a sua cabeça”; perdoando…
3. Ter um estilo de vida que:
- Proclama o Evangelho de Jesus Cristo, “justo e justificador”; promove a reconciliação do ser humano pecador com o Deus santo, justo e amoroso, Rm 1.16,17;
- Revela uma pessoa justa, um estilo de vida conforme o padrão, os valores, princípios do Reino de Deus (exemplo – sermão do monte, Mt 5-7);
- Promove relacionamentos humanos justos (exemplo: não fazer acepção de pessoas; equidade etc.), At 6:1,2; Tg 2:1-13; Rm 12:16
Deus age segundo o que é justo, e Ele mesmo é o parâmetro definitivo do que é justo, por isso podemos confiar Nele.
E aquele que é justo confia e age segundo o caráter e o padrão de Deus.
Rm 1:17; Hc 2:4; 3:16-19.
Uma oração ao Deus de toda justiça…
“Nosso Pai, nós Te amamos pela Tua justiça. Reconhecemos que os Teus juízos são verdadeiros e totalmente justos. A Tua justiça sustenta a ordem do universo e garante a segurança de todos quantos confiam em Ti. Vivemos porque és justo e misericordioso. Santo, santo, santo Senhor Deus Onipotente, reto em todos os Teus caminhos e santo em todas as Tuas obras. Amém” (A. W. Tozzer).
Quando Habacuque compreende o agir justo de Deus, ele conclui orando e afirmando “Senhor, eu ouvi a tua fama e temi. Ó Senhor, aviva a tua obra no decorrer dos anos; faz que ela seja conhecida no decorrer dos anos; na tua ira lembra-te da tua misericórdia”(3:2), e ele conclui com uma expressão de louvor: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto nas videiras; ainda que o fruto da oliveira falhe, e os campos não produzam mantimento; ainda que o rebanho seja exterminado do estábulo e não haja gado nos currais; mesmo assim, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação” (3:17,18).
“Na contemplação de Cristo existe um bálsamo para cada ferida; na meditação sobre o Pai, há consolo para as tristezas, e na influência do Espírito Santo alívio para todas as mágoas” (Packer).