Agradando a Deus, no sofrimento injusto - (Série - I Pedro - Esperança da glória)

Agradando a Deus, no sofrimento injusto. 1 Pedro 2.18-25
(Série - I Pedro - Esperança da glória)

Mensagem: O verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, tem n'Ele o modelo, a instrução e a capacitação para pacientemente, de modo agradável a Deus,  lidar com o sofrimento injusto.

Esboço

Introdução

Relembremos, 1a. Mensagem desta série, em 31.05.2020.

Instrução e encorajamento em tempos de sofrimento - Mensagem: Instrução e encorajamento aos cristãos, ao viver sob a vontade e na graça de Deus de modo santo - alegre - com a esperança da glória em Jesus Cristo, em meio aos sofrimentos  -  hostilidades,  presentes e/ou futuras. 

1 Pe 2.18 Servos, sejam obedientes ao senhor de vocês, com todo o temor. E não somente se ele for bom e cordial, mas também se for mau.

Servos -  ‘oiketes’, todo aquele que está sob a autoridade do chefe de família;  servo, doméstico, que se refere a empregados domésticos ou domésticos … 

Em nossa cultura, as orientações de Pedro se aplicam ao como nos comportamos em relação àqueles diretamente sobre nós na sociedade (empregadores, chefes, administradores, professores, etc.). (Constable, p. 56) 

Há momentos nos quais mesmo "praticando o bem" (fazendo o que agrada a Deus), o discípulo de Cristo passará por sofrimentos injustos causados por pessoas “perversas”, na família, igreja, no mundo corporativo, acadêmico etc. 

Por que suportar com paciência o sofrimento injusto?

I. Porque  é agradável a Deus, 2.19,20

2.19a Porque isto é agradável a Deus, que alguém suporte tristezas, sofrendo injustamente, … 

Suportam com paciênciahupophero’, sofrer por estar sob; suportar pacientemente, aguentar com paciência; ficar, i.e., permanecer, não retirar-se ou fugir; preservar: sob desgraças e provações, manter-se firme na fé em Cristo; sofrer, aguentar bravamente e calmamente: maltrato, maus-tratos… 

Agradável ('charis') a Deus - ‘charis',  graça, aquilo que dá alegria, deleite, prazer, …, a Deus; o que é devido a graça 3a) a condição espiritual de alguém governado pelo poder da graça divina.

Nesse contexto, significa o que conta com aprovação de Deus, ou o que Lhe agrada, e não o que Ele dá (Constable, p. 57)

Por motivo de sua consciência para com Deus - O fato de que é assim que Deus quer que nos comportemos é motivo suficiente para obediência.

A louvável motivação para suportar pacientemente o sofrimento injusto é a consciência do crente de estar na presença de Deus. Nenhum crédito é concedido ao ser punido por fazer algo errado. É o suportar pacientemente ao sofrimento imerecido que encontra graça diante de Deus, porque esse comportamento demonstra Sua graça.  (Raymer, R. M., Vol. 2, p. 847–848) 

Por que suportar com paciência o sofrimento injusto?

II. Porque devemos seguir o exemplo de Cristo, 2.21-25

2.21 Porque para isto mesmo vocês foram chamados (‘eklēthēte’, 1.15; 2.9)… - refere-se ao suportar com paciência, o sofrimento por causa da prática do bem, seguindo o exemplo de Jesus Cristo, que sofreu no nosso lugar. 

2.21 Deixando exemplo … ‘hupogrammos’,  cópia escrita, que inclue todas as letras do alfabeto, dada aos iniciantes como uma ajuda para aprender a desenhá-los; exemplo apresentado a alguém; refere-se a um escrito ou desenho que um aluno reproduz. 

2.22 Ele não cometeu pecado, nem foi encontrado engano em sua boca.

Cf. Mc 14.53-15.32 - Cristo foi julgado e condenado injustamente.

Ele foi humilhado, maltratado, agredido, e suportou uma das piores mortes, a morte de cruz. Uma morte vergonhosa e cruel. 

Qual foi o exemplo deixado por Jesus Cristo?

2.23 Pois ele, quando insultado, não revidava com insultos; quando maltratado, não fazia ameaças, mas se entregava àquele que julga retamente, 24 carregando ele mesmo, em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça. Pelas feridas dele vocês foram sarados. 

Jesus Cristo "suportou pacientemente a dor e a humilhação da Cruz. Deus estava justamente julgando nossos pecados que Seu Filho levou (cf. 2 Co 5.21). No grego, as palavras "nossos pecados" estão perto do início do versículo e, portanto, se destacam enfaticamente, enquanto Ele mesmo enfatiza o envolvimento pessoal de Cristo. Sua morte possibilita que os crentes se libertem da penalidade e do poder do pecado e vivam por Ele: para que possamos morrer pelos pecados e viver pela justiça (cf. Rm 6.2,13). Cristo sofreu para que os cristãos pudessem seguir Seu exemplo, tanto no sofrimento quanto no viver em retidão. Pedro fez uma referência geral à salvação: pelas Suas feridas você foi curado (Is 53. 5). Isso não se refere à cura física, pois o tempo passado do verbo indica ação concluída, a "cura" é um fato consumado. A referência é à salvação. O sofrimento de Cristo (lit., "ferida"; mōlōpi, "faixa deixada por um açoite", refere-se ao flagelo de Jesus) e a morte realizou a "cura", a salvação de todo indivíduo que confia nEle como seu Salvador. (Raymer, R. M., Vol. 2, p. 847–848) 

O verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, tem n'Ele o modelo, a instrução e a capacitação para pacientemente, de modo agradável a Deus,  lidar com o sofrimento injusto. 

Conclusão / desafios

O verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, tem n'Ele o modelo, a instrução e a capacitação para pacientemente, de modo agradável a Deus,  lidar com o sofrimento injusto.

Passos para enfrentar a injustiça de modo saudável e vitorioso (*)

1. Reconheça a raiz da injustiça

Rm 1.18 A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e injustiça dos seres humanos que, por meio da sua injustiça, suprimem a verdade.

Há injustiça porque o ser humano rejeitou os padrões divinos, e preferiu seus próprios padrões humanos…

2. Reconheça duas das  raízes do sofrimento humano

A. Nossos próprios pecados, v. 20

2.20 Pois que glória há, se, pecando e sendo castigados por isso, vocês o suportam com paciência?

Há situações, nem sempre, em que o sofrimento é fruto do nosso pecado, das nossas escolhas e decisões erradas...

B. Os pecados de outrosv. 18 ("maus")

2.18 Servos, sejam obedientes ao senhor de vocês, com todo o temor. E não somente se ele for bom e cordial, mas também se for mau.

Por vezes nós sofremos por causa da maldade, da perversidade dos outros.

3. Relacione-se com a cruz de Cristo,  v. 24; 2 Co 5.21

2.24 carregando ele mesmo, em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça. Pelas feridas dele vocês foram sarados.

 Morremos nEle, para o pecado… Nossa atitude não deve ser a de promotores de injustiças... Não devemos viver na prática do mal, sendo instrumentos do sofrimento dos outros...

Vivemos através dEle, para a justiça… Nossa atitude deve ser de promotores da justiça, sendo instrumento de bênçãos divinas, como a paz e o bem estar, na vida uns dos outros.

4. Volte-se ao "Pastor e Bispo - Jesus", v. 25

2.25 Porque vocês estavam desgarrados como ovelhas; agora, porém, se converteram ao Pastor e Bispo da alma de vocês.

A. Admita a sua rebelião, v. 25  - “estavam desgarrados”; Rm 3.10-12

B. Aceite o seu chamado, v. 21 - “vocês foram chamados”; 1 Pe 1.15; chamados para o discipulado, para a comunhão e submissão...

D. Siga os Seus passos, v. 21 - "deixando exemplo para que vocês sigam os seus passos”; 1 Jo 2.4-6; Mt 11.28,29

E. Entregue-se a sua justiça e  ao seu cuidado, v. 23  -  "mas se entregava àquele que julga retamente”; v. 25  “… agora, porém, se converteram ao Pastor e Bispo da alma de vocês”;  Sl 23; Jo 10.

O verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, tem n'Ele o modelo, a instrução e a capacitação para pacientemente, de modo agradável a Deus,  lidar com o sofrimento injusto.

 

Próxima mensagem … - 1 Pe 3.1-7

 

(*) Nota: Estes Passos (Desafios, 12a. Mens.), foram adaptados e desenvolvidos de anotações que tenho há anos, de uma palestra que se não me engano participei num encontro da SEPAL - SP. Mas, não tenho nas minhas notas quem era o palestrante, onde e ano… ).

Lembre-se:

A sua responsabilidade, debaixo da graça e capacitação divina, é a de perseverante e confiantemente aplicar os princípios e as verdades divinas que tens ouvido (Fp.2.12 -13; 1 Tm. 4.7-9; Tg 1.22-27). Ao meditar nesta mensagem, pergunte-se:

·      O que Deus quer transformar no meu modo de pensar e agir?

·      Como eu posso colocar isto em prática na minha vida?

·      Qual o primeiro passo que darei nessa direção (para que haja real transformação em minha vida)?

Conheça... creia...Aproprie-se... E, pratique a verdade divina para que experimenteis a vida plena que há em Jesus Cristo - Jo. 10.10

 

Bibliografia:

Bíblia Nova Almeida Atualizada© Copyright © 2017 Sociedade Bíblica do Brasil.

Constable, Dr. Thomas L. , Notes on 1 Peter 2020 Edition

Keller, Timothy. “Refined By Fire” 1 Peter 1:1-9, April 24, 2011 - http://www.christcovenantcullman.org/sermonnotes/notes-04-24-11.html

MacArthur, John. Bíblia de Estudo, texto ARA. Barueri, SP: Sociedade Biblica do Brasil, 2010.

Mueller, Ênio R. 1 Pedro, introdução e comentário - Série Cultura Bíblica. São Paulo, SP: Ed. Vida Nova & Ed. Mundo Cristão, 1988.

Pinto, Carlos Osvaldo C. (1950 - 2014). Foco e desenvolvimento no Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2008.

Piper, John. Teologia da alegria: a plenitude da satisfação em Deus. São Paulo: Shedd Publicações, 2001.

Raymer, R. M. (1985). 1 Peter. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 2, p. 839–840). Wheaton, IL: Victor Books.

Rienecker, Fritz & Rogers, Cleon. Chave Linguística do Novo Testamento Grego. São Paulo, SP: Ed. Vida Nova, 1985.

Welch, W. Wielber. Primeira Epístola de 1 Pedro (O valor da nossa fé). São Paulo, SP: Imprensa Batista Regular, 1978.

Wiersbe, Warren W. Comentário Expositivo: Nova Testamento: volume II. Santo André, SP: Geográfica Editora, 2006.

Pr. Domingos M. Alves

Domingos M. Alves